sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Os tempos.

Acho que inspirado por Érico Veríssimo, meu vizinho, a rua ao lado é uma homenagem a ele, decidi escrever sobre o tempo. Essa coisa, coisa mesmo, tão abstrata para nós e tão natural ao mesmo tempo. Não falo das marcações das horas, do dia que nasce, nem da sensação de impotência quando estamos presos no trânsito e os ponteiros teimam em correr. Digo do tempo das pessoas. Para os mais desavisados, não se trata também de um discurso do nascimento e da morte, mas do tempo que carregamos dentro de nós. Independentes da idade que possuímos sempre os tempos são sempre diferentes, para uns e para outros. Quando essa diferença aparece? Essa pergunta é tão importante quanto saber o dia da nossa morte. Acho que o mais importante é saber lidar com as diferenças quando elas aparecerem. Saber esperar, ou acelerar o passo. Qual é a sua hora, seu momento? Isso não importa. Importa que se ajustem os ponteiros do relógio. Saber esperar. Respeitar o tempo de quem ainda não chegou ao mesmo tempo em que o seu. Ajustar os ponteiros do relógio. Faça as horas dar a volta depois dos 60 minutos. Se precisar, dêem mais corda. Tirem a pilha, mas não deixem o tempo marcar compasso. Saiba que podemos fazer nosso tempo. Podemos, basta encontrar o motivo. Adiantar ou esperar, não importa quando o motivo é justo. Às vezes encontramos as pessoas certas no tempo errado. É preciso ajustar esse relógio, por mais doloroso que seja, pois, dolorosa será a dor da perda quando percebermos perdemos alguém especial desse descompasso. Einstein no seu famoso tratado sobre a relatividade usa o tempo como base para a metáfora que descreve como somos relativistas. Mais pensador que físico nesse caso, ele está mais uma vez correto quando diz que mais vale envelhecer e viver na plenitude dos fracassos e sucessos do que economizar os anos e não ter tido experiências de vida. E como a vivência é mais importante que a economia de tempo. Prefiram viver! Usem o tempo um com o outro. Não o gastem, mas o usem bem. É um recurso não renovável e não reciclável. Uma vez passado, não volta mais.
Para minha querida e amada middle sister, Nora.

Um comentário:

Unknown disse...

"Já nem sei mais nada, e às vezes tinha vontade de ir mais devagar. Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando e sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência. É isso mesmo, é ir olhando e dizer: aquilo é bonito!", Fernando Sabino, em Nova Iorque, 1946, para Clarice Lispector.