segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Robalo com molho de limão. Mais uma para o verão.

Faz tempo que não colocava uma receitinha aqui. Quando não há inspiração é assim, não adianta forçar a barrar que a receita desanda. Das ultimas vezes que vim a BH aconteceram coisas extraordinárias. Eu e minha mãe na cozinha juntos era uma das coisas mais inimagináveis na face da terra. Era mais fácil um negro ser presidente dos EUA que nós dois nos entendêssemos nas panelas. Os paradigmas vão caindo e minha mãe me aceitou dentro dos seus domínios como um parceiro. Isso é um mega orgulho, por que quem a conhece sabe. Ela manda bem demais. Um dia desses de verão aqui em Minas ela me convocou para fazermos um peixinho. Coisa simples como ela gosta de dizer. Acho que para aumentar os aplausos que virão no final. Preparamos um arroz. Da mesma maneira de sempre, só que para variar ela caprichou e antes de colocar a água, no fim da torração do arroz colocou uma pitada de açafrão. Isso fez toda a diferença, depois disso, duas folhinhas de louro que foram cuidadosamente quebradas no meio para liberar toda sua essência e tampa na panela já com a água cobrindo o arroz. O jeito dela fazer o peixe é muito bacana e adotei como meu também. Fazemos no vapor. Colocamos uma panela com água fervente embaixo de um simples escorredor de macarrão com o peixe embrulhado em papel alumínio e seus temperos, que foram alecrim fresco, manjericão, também fresco, pimenta do reino moída na hora e sal. Regue a branca carne do peixe com o melhor azeite e coloque-o deitado no escorredor de macarrão. Deixe por 10 a 15 mim. Vá vigiando sempre. Enquanto isso separe uma coalhada. Isso mesmo uma coalhada. Será ela nossa base para o molho de limão. Raspe a casca de um limão, depois de bem lavado, de maneira bem fina. Coloque as casquinhas, que chamamos de zesto, dentro da coalhada. Esprema o limão raspado e coloque o caldo também na coalhada. Tempere com sal, pimenta do reino moída na hora e coloque alguns grãos de erva doce. Minha mãe não quis que eu colocasse, mas como bom menino desobediente que sempre fui, segui meus instintos. Ficou muito bom. Coloque toda essa mistura em um recipiente que possa ser levado em banho-maria. Faça o banho-maria e vá misturando sempre e acertando o sal. Se precisar corrigir a acidez o truque é o açúcar. Cuidado somente para não virar um iogurte de limão. O açúcar tem que ter a exata porção somente para cortar a acidez. Caso queria, aproveite a água fervente e coloque por lá alguns legumes para acompanhar. Meu favorito nesse caso são os aspargos frescos. Faça um molho bem rápido com mel, limão e gengibre e deixe derramar pelos aspargos delicadamente deixados passados um pouquinho do AL dente. Sirva seus convidados com um belo vinho branco gelado. Depois me contem como foi. Já posso dizer que o Leo Iglesias aqui em casa comeu até não se agüentar.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cidades modernas?

Mais uma vez um mundo de oportunidades se abre. Aliás, isso acontece todos os dias quando saímos da cama. Encontrar pessoas e viver novas situações, ou as antigas de maneira diferente. Tudo vale. Estou mais uma vez de mudança. Será a quarta cidade em três anos. Quando estava em Minas, com o belo horizonte restrito, tinha o desejo enorme de ir pro mundo. Agora, quero achar um pouso, um porto, que seja ele feliz.
Nessas minhas andanças pelo país, estive em Campo Grande, Brasília e agora Porto Alegre, minha nova casa. Como todo bom canceriano levo minha casa junto comigo. Não digo das coisas materiais somente, mas também do jeito de levar a vida, de ver a cidade e de estar realmente onde se está.
Outro dia, li uma reportagem sobre mais um aniversário de Brasília, com todos aqueles conceitos modernos de Niemeyer e Lucio Costa. Senti falta de uma coisa. Gente. Quando morei em Brasília, pude realmente perceber toda essa modernidade. Planejamento executado à risca, retas sem intercessões, curvas realmente lineares. Céu azul ornado com traço do arquiteto. Tudo isso muito bacana. Mas e as pessoas. Andei por Brasília e quase não via gente nas ruas. E rapidamente entendi. As ruas não são feitas para receber as pessoas em Brasília, mas sim carros. Desculpem-me meus dois grandes arquitetos citados acima, mas ser moderno é pensar no futuro. Vim de Belo Horizonte. Sou mineiro, daqueles temperados com ferro. Vivi em Campo Grande um período da minha vida. Depois Brasília. O que essas três cidades têm em comum além de estarem sempre presentes no meu coração? Foram planejadas. BH e Campo Grande têm quase a mesma idade. Tiveram destinos diferentes. A capital de Minas foi construída para ser a nova capital de um estado industrial, recém saído da fase agrícola. Campo Grande, para ser um pólo ao sul da capital do então único estado do grande Mato Grosso. Mas em comum, as duas cidades possuem a ordenação como construção. O Positivismo. BH teve um destino diferente. Nasceu grande e logo nos seus primeiros anos rompeu a barreira do seu contorno. Campo Grande nasceu para viver à sombra de Cuiabá. Com isso as duas cidades tiveram destinos diferentes. BH cresceu muito e se tornou uma das principais metrópoles do país. Campo Grande, somente a menos de trinta anos conseguiu status de capital. Isso trouxe desenvolvimento acelerado e problemas demais para uma, e falta de desenvolvimento e preservação da qualidade de vida para outra. Mas em comum, são cidades que foram construídas para serem modernas. Conseguiram, ao contrário de Brasília, serem mais modernas que a Novacap, na medida em que preservam as relações humanas. A arte do encontro. Nessas duas cidades nos esbarramos em pessoas, não marcamos encontros, mas nos encontramos nas esquinas informais. Brasília privilegia que carros ocupem o lugar das pessoas. Como pode uma cidade dita moderna não se preocupar com a integração humana. Ser moderno é saber conviver, com diferenças e com os seus. As cidades têm esse papel fundamental. Integrar sem se programar. Integrar para conviver e viver bem. Isso é modernidade. A convivência humana. Desculpem-me os grandes pensadores da Novacap, mas privilegiar o ser humano é ser moderno. A capital das Gerais e a estrela do Mato Grosso do Sul, apesar de seus inúmeros problemas conseguiram essa façanha.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Poema do amor torto.

Por favor, não me queira mais. Não volte mais para mim. Prefiro que seja assim por que o amor que tenho pra te dar não te cabe. Você quer um amor que não posso te dar. Um amor perfeito, sem erros, como amores de novela. Bem ao estilo folhetim. Amor com jeito de conto de fadas. Esse tipo não é o meu. Desculpe, mas sou mais o sapo. Amo com o coração, de corpo e alma. Meu amor é despenteado. Meu amor é daqueles imperfeitos, cheio de altos e baixos, colorido por temores e inseguranças. Meu amor tem dias chuvosos de trovoadas. Uns dias de garoa e outros com sol. Meu amor se faz à tarde, tarde. Mas antes tarde. Meu amor arde. Meu amor caminha a passos consistentes, num ritmo compassado que cresce assim como avança estrada adentro. Meu amor é daqueles que você percebe a intensidade nas minhas faltas e nos meus rompantes. Aliás, faltas não faltam no meu amor. Meu amor é cheio de erros e enganos. Por favor, não volte para mim se o amor que você procura não tem defeitos. Meu amor segue a batida do coração, com dor, com piedade, com afeto, com carinho, mas acima de tudo com verdade. Não volte mais para mim. Quero ter a tranqüilidade de amar com calma, sem vigiar as ações que tomo. Quero viver um amor que me permita pedir perdão. Perdão de menino travesso que desobedeceu a mãe. O que eu tenho para dar são somente os meus sentimentos impuros. Mas seriam seus se os quisesse. Seriam todos seus e somente seus. Meu ciúme, meus carinhos, meu amor e meus egoísmos. Seriam todos seus. Meu amor é assim como esse poema. Sem estrofes, rimas e perfeições da academia. Mas se aprende a amar na escola?
Quem procura o amor como quem procura uma tábua de salvação não encontra o amor no coração. Para amar com verdade tem que se doar sem vigiar. Tendo o amor como norte se tem a vida nas na balança. Às vezes mais pendente que equilibrada, mas sempre com verdade nos pesos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O ser mulher.

Sabe que tenho me tornado meio folgado com os temas das letras? Folgado no sentido mineiro quer dizer possuir um ar de arrogância, prepotência. Ando passeando por temas bastante polêmicos. Tudo começou quando minha querida amiga Natália me incentivou a escrever a crônica dos 100 anos do glorioso Galo. Futebol é coisa pra profissional, não pra amador como eu. Mas como tenho recebido alguns elogios sinceros me arrisco em mais um tema polêmico. As mulheres. Mas as mulheres no sentido da discussão que seu novo papel tem tido nas próprias vidas e na vida de nós homens. Confesso que analisar uma revolução enquanto ela acontece varia entre o achismo e as suposições. No máximo com chutes mais ou menos certeiros que saem como tiros pela culatra. Como nesse caso o que penso ser é mais um capítulo da revolução sexual dos anos 60, sigamos em frente. As mulheres representam um papel bastante importante na minha vida. Começando pela minha mãe, minhas irmãs, são três lindas meninas, além é claro das minhas ex-namoradas, que já discorri sobre elas longamente por aqui. Mas também tenho várias amigas, e amigas de coração, amigas mulheres que são realmente somente amigas. Umas que nasceram amigas, outras foram se tornando assim. O que mais ouço delas é que nós homens não sabemos o que queremos. E não sabemos mesmo. Aceitemos, não sabemos. Não sabemos inclusive lidar com essa mulher que se apresenta hoje. Independente, forte, liberal, liberada e decidida. Essa nova ordem mundial muda toda a perspectiva do relacionamento homem - mulher. O homem, antigo provedor e caçador, perdeu seu papel. Qual é o nosso agora? E a mulher, que ocupava a prateleira da fragilidade e necessitava de cuidados e carinhos? Enfrenta tripla jornada e ainda por cima está sempre linda e longe de qualquer fracasso. Pois, um erro desencadeia a já desgastada e preconceituosa frase: perdoa, é mulher! Hoje elas sustem a casa, saem atrás do marido, nos cantam nos bares. Cuidam dos filhos e ainda são nossas chefes.Onde elas se encaixam agora?
Encontro por ai uma enorme quantidade de mulheres interessantes, bonitas, independentes, boas profissionais e solteiras. Como isso pode ser? Acho que isso é culpa dos homens que não têm acompanhado com a mesma velocidade essa revolução e está nesse navio somente como passageiro, sem estar no leme ao lado de quem está dando as cartas. Certa vez me peguei bravo dizendo: essas mulheres que choram depois de terem conquistado o mundo não percebem que o mais importante elas já fizeram. Chorar por que não têm alguém? Isso para mim era covardia. Inveja minha frente às mulheres. Elas conseguem além de tudo, perceber que cada uma das necessidades ocupa seu lugar. Não há necessidade de o trabalho tomar o lugar do lazer, do amor e do prazer, como nós homens fazemos inúmeras vezes. Nós homens quando conquistamos uma posição de destaque profissional desencadeia-se uma serie de eventos que nos deixam felizes emocionalmente, mais seguros sexualmente e por ai vai. A mulher ao contrário sabe que a conquista profissional é aderente àquele tema e nada tem haver coma vida em família, por exemplo. Para nós homens, e para vocês mulheres fica a pergunta: qual o papel que cada um possui a partir de agora. As mulheres agora ficam, namoram, casam-se conosco por que querem, não mais por que precisam. Para nós homens, isso é muito incipiente. Os sentimentos no mundo masculino tendem ser tratados como coisa de viadinho. Para nós é um grande medo perceber que uma mulher está interessada em nós pelo que somos, e não pelo que temos ou pelo que possamos prover. Fica a provocação. Será que essa nova mulher está nos fazendo enxergar como somos, e não temos gostado muito que tem saído de dentro desse armário? Essa agora para as mulheres: vocês estão preparadas para lidar com esse homem mais sentimental? Não vão nos achar delicados demais e sentir falta do brucutu que se esconde em cada um de nós?
A jornalista Martha Medeiros escreveu sobre esse tema com muita propriedade na sua coluna no Zero Hora. Dizia ela que independência significa escolha e escolher ficar com o homem que ama. Finalizou dizendo que as mulheres têm dito menos “eu preciso de você” ao passo que “eu amo você” nunca foi tão sincero. Concordo com ela. Precisamos nos preparar para acreditar nessa verdade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Os tempos.

Acho que inspirado por Érico Veríssimo, meu vizinho, a rua ao lado é uma homenagem a ele, decidi escrever sobre o tempo. Essa coisa, coisa mesmo, tão abstrata para nós e tão natural ao mesmo tempo. Não falo das marcações das horas, do dia que nasce, nem da sensação de impotência quando estamos presos no trânsito e os ponteiros teimam em correr. Digo do tempo das pessoas. Para os mais desavisados, não se trata também de um discurso do nascimento e da morte, mas do tempo que carregamos dentro de nós. Independentes da idade que possuímos sempre os tempos são sempre diferentes, para uns e para outros. Quando essa diferença aparece? Essa pergunta é tão importante quanto saber o dia da nossa morte. Acho que o mais importante é saber lidar com as diferenças quando elas aparecerem. Saber esperar, ou acelerar o passo. Qual é a sua hora, seu momento? Isso não importa. Importa que se ajustem os ponteiros do relógio. Saber esperar. Respeitar o tempo de quem ainda não chegou ao mesmo tempo em que o seu. Ajustar os ponteiros do relógio. Faça as horas dar a volta depois dos 60 minutos. Se precisar, dêem mais corda. Tirem a pilha, mas não deixem o tempo marcar compasso. Saiba que podemos fazer nosso tempo. Podemos, basta encontrar o motivo. Adiantar ou esperar, não importa quando o motivo é justo. Às vezes encontramos as pessoas certas no tempo errado. É preciso ajustar esse relógio, por mais doloroso que seja, pois, dolorosa será a dor da perda quando percebermos perdemos alguém especial desse descompasso. Einstein no seu famoso tratado sobre a relatividade usa o tempo como base para a metáfora que descreve como somos relativistas. Mais pensador que físico nesse caso, ele está mais uma vez correto quando diz que mais vale envelhecer e viver na plenitude dos fracassos e sucessos do que economizar os anos e não ter tido experiências de vida. E como a vivência é mais importante que a economia de tempo. Prefiram viver! Usem o tempo um com o outro. Não o gastem, mas o usem bem. É um recurso não renovável e não reciclável. Uma vez passado, não volta mais.
Para minha querida e amada middle sister, Nora.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Misturas Finas

Como bom brasileiro que sou, genuíno, da gema, com todas as descendências que formaram esse povo no meu sangue, sempre gostei de misturar as coisas, as cores e as formas. Os sons e palavras. Tudo cresce tudo se enriquece com as diferenças. Tem gente muito interessante que já vem fazendo isso a mais de 50 anos na música. Percebem como funciona bem a mistura de cítara indiana com guitarra e bateria? Pois é, Harrison fez isso. E atrás dele um monte de gente vem fazendo. Outro dia num concerto em Brasília o maestro misturou os instrumentos da sinfônica com uma zabumba! Essa eu achei que não daria certo. Mas pra minha surpresa, parece que nasceram um pro outro. A própria zabumba é mistura nela mesma. Duas peles com afinações diferentes. Uma pra marcação e outra pra evolução. Uma parecida com bumbo, outra com taral. Genial. Toda vez que eu for há um concerto procurarei a zabumba na percussão. A música se apropria muito bem dessas misturas e sempre sai ganhando. Rap com samba e chorinho. Rock com maracatu, essa causou além de uma revolução musical no Brasil, uma discussão muito boa entre Ariano Suassuna e Chico Science. Peço desculpas ao grande Ariano, mas fico ao lado do Chico. O rock trás à luz a magnitude do maracatu. Às vezes precisamos da escuridão para enxergar a luz. Os contrates ressaltam as qualidades. Na música é assim, na culinária também. Feita por excelência uma grande mistura, essa sim precisa obrigatoriamente misturar as diferenças pra ir em frente e continuar surpreendendo. Já pensaram que mistura mais louca o arroz com feijão? Deu tão certo que um não anda mais sem o outro. Muito comum? Tudo bem. Resolvi enveredar pela procura das misturas e sair do rumo. Outro dia tomei um sorvete frito. Exatamente, uma bola de sorvete, gelado, de baunilha, só que frito. Perfeito! Nem as casquinhas, nem os confeites e caldas caem melhor num sorvete que a passagem panela quente. Um dia conto como se faz. As misturas na culinária são famosas. Agridoce, salgado com doce, espumas com crocantes, e sempre surpresas são descobertas no céu da boca. Uma após a outra, ou todas juntas. E o melhor, separadas são boas, juntas melhor ainda. E quando isso acontece vem o terceiro sabor, que é próprio dessa mistura. Existem as mais famosas. Goiabada com queijo, clássica. Purê de batata doce, com pimenta do reino e noz-moscada. Essa trás uma pergunta: o que tem aqui? Existem algumas misturas que nos fazem descobrir cada sabor de maneira diferente, e a cada passo da descoberta é uma grande surpresa. Já experimentaram mel com damascos e limão numa salada de alfaces, tomates e castanhas de caju? Somente um cuidado, as misturas culinárias têm a dose certa, se passar demais dá errado. Essa é a vantagem que temos em misturar as diferenças culturais. Misturar as culturas e as diferenças não tem limites. Dentro de uma mesma cidade existem possibilidades de experiências culturais que se experimentadas sem moderação causam surpresas e enriquecimento muito grande. Um dia, conversando com um amigo biólogo me disse do auto da sua sapiência e visão gélida e cientificista da coisa: quando se misturam as diferentes classes o do mais alto escalão se sente mais à vontade do que o do baixo clero! Discordo! Não existe essa. As pessoas são somente formadas por situações e condições diferentes. Percebem o mundo a partir do seu próprio. E assim constroem sua visão e suas alterações na sociedade. São somente visões e percepções distintas de realidades próximas. Afinal somos feitos do mesmo carbono meu caro biólogo. Somos todos poeiras de estrelas. Misturar as culturas dentro do mesmo país são formas de auto-afirmação delas próprias bem como integração com as outras. Por exemplo, o chimarrão tomado em Brasília no Parque da Cidade, aquele da Mônica de moto e o Eduardo de camelo, é uma delas. Aliás, essa música é o retrato fiel do que digo aqui. Que as misturas de dois mundos são as formas mais ricas de se crescer. Buscar na diferença o que lhe falta. Basta querer somar essa diferença à sua vida. Eu já misturei a cultura e o jeito mineiro de ser, que carrego pra onde vou, em vários lugares. Uns mais afeitos às misturas, outros nem tanto. Mas hoje posso dizer que sou um pouco mais gaucho, mais sul-mato-grossense, mais brasiliense, mais mineiro, brasileiro, mas acima de tudo, mais humanista. Tomo um teras no calor, um chimas no frio. Estaciono na quadra, subo a Bahia e desço a Floresta.