sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Espelho

Era a primeira de muitas, com certeza a primeira de muitas viagens que faria. Seria sua rota semanal de suas terras no sertão, ao planalto central do Brasil. Iria experimentar a famosa de terça a quinta. O restante da semana, na base. Iria ter seu apartamento de luxo na zona nobre da capital. Seus auxílios pecuniários sem fim e sem dó. Teria seus inúmeros funcionários, diretos e indiretos. Alguns por sua própria escolha, outros como pagamento de favores e ainda os que trabalhariam para que a máquina trabalhasse a seu favor. Pensava em como conseguir suas audiências no palácio, em conseguir alguma comissão de interesse para a mídia afim de notoriedade nacional. Por que de nada adiantaria ser grande somente na sua região, precisava mostrar que era diferente dos seus antecessores. Iria marcar sua época. Pensava-se líder nato. Grande estadista seria, enfim. Chegara a vez de honrar o nome da sua família. Os seus devem estar com muito orgulho. Mas todo cuidado é pouco, inclusive com os de casa, que por vezes, derrubam os de mesmo sangue. Pensara inclusive em ir mais além. Em ter uma fonte no jornalismo, ao passo que o seria também. Mas tinha que ser na TV. Jornal ninguém mais lê. E já ensaiara há tanto seu discurso de defesa quando apanhado com a boca na botija. – sou produto do meio. Sou no que vocês se reconhecem. Aliás. Sou cada um de vocês aqui. Não me culpem por ser assim. Vocês estão simplesmente julgando a vocês mesmos. Era definitivamente um produto da sociedade. E a representaria em toda a sua esfera e com toda sua força.