sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ardil

Do alto, se é que se pode com propriedade dizer isso, dos trinta e poucos anos dele, ele sugeriu para que fossem juntos a procurar estrelas dentro da noite profunda e calada. Ela, como bem faz toda mulher, apesar da pouca idade para com a dele, aceitou de bom grado e ainda achou graça em ser a condutora da aventura. Como bem fazem as mulheres, deixam-se ser conquistadas, levadas e encantadas. De certo as intenções dele eram outras, mas não naquela hora. Eram outras para tempos que ainda viriam. Foram-se os dois com ares ofegantes e despertos pelo flerte que se permitiam. Encontraram além das belas luzes vindas de cima, uma profusão delas que vinha debaixo e delineava assimetricamente a bela cidade que se punham aos pés dos novos amantes. Nada foi dito naquele momento. Só sentido.
Luas vieram e sombreavam seus sussurros que já, em bom tempo, se alardeavam aos ventos. Caminhavam-se juntos e ele ainda lançando seus olhares para o alto em busca das luas e estrelas que o acalentasse. Qual não fora a surpresa dele que numa das noites quentes do veranico tardio ele a vê com as belas costas de fora carregando assimetricamente perfeitas suas três marias, como ela mesma as denomina. Um misto de felicidade e surpresa tomou conta do moço, que sempre a observou em todos os detalhes das suas mais sutis mudanças, não tinha posto reparo que suas estrelas estavam ali ao alcance das suas mãos para o deleite do seu toque, enquanto a tivesse por perto. E ela, com toda a delicadeza que possui deu a ele o prazer pela descoberta das estrelas como numa doce brincadeira de gato e rato.