domingo, 23 de janeiro de 2011

Tempestade

Depois de uma longa, duradoura e dura tempestade encontro-me aqui, no meio desse oceano. Abaixo e acima do anil com todas as chances que só uma calmaria pode trazer. Não sinto, em verdade, nenhuma falta das tormentas que me assombravam, mas percebo que por elas tenho os horizontes infinitos a minha frente. Sem angústia e com certeza de saber que por esse mar navega quem sabe dos atalhos caminhos dos infortúnios.
Tudo se desnuda a minha volta e a essa crueldade domino com garras selvagens o que se apresenta sem nenhuma pista da vida que se delineia a frente. O que poderia se tornar temor se faz vida.
O ilimitado cria desafios tão grandes quanto uma tela branca desafia seu pintor, como uma folha sem pautas e rabiscos desafia se escritor, mas percebo que ai reside o belo, na sua impossibilidade do desenho do caminho, mas da fruição do que se percebe ao longo desse mar.
Pergunto-me quem sou no meio dessa infinidade e a reposta que me veio é: quem sinto. Quem sinto que sou e o que sinto ao meu redor. Esse sou eu, que não vive apenas, mas sente plenamente o que se desenha a frente sem os medos de novas tormentas que certamente virão.