domingo, 13 de junho de 2010

A expansão das sensações

Por umas e por outras sou um fã de carteirinha do meu querido bigodudo alemão, Nietzsche. Uma das bandeiras que ele defendia com unhas e dentes era a experiência do homem através da arte. Para ele a forma que continha maior possibilidade de fruição era a música. Na verdade ele a tratava como uma maneira de expansão dos sentidos. As misturas dos tons, dos instrumentos, das notas e espaços da música fazem para o homem seu maior exercício de abstração.
Petulância! Como e por que cargas d’água, dois virtuoses conseguiram fazer a ponte entre o violoncelo e piano? Como conseguir mesclar, unir Tom e Vila-Lobos, acariciado por Carlos Gomes? Dizer que isso era coisa de gênios? Lugar comum. Mas a experiência transcendeu. Fez ligar O Trenzinho Caipira à Luiza. Sem dialética, mas com uma forma pueril, direta e encantadora como somente a simplicidade possui. Assim como você. Fez-me ver que sim, queria sua boca por perto, apesar da distância. Mas não por causa do pedido clamado de Tom, mas por que seus olhos me encantam e sua ausência me faz falta e sua presença faz uma criança feliz, pequena.
Mucho me gusta seu tom de castella, seu ar de menina, seus olhos vívidos e suas teses de suave rouquidão. E vi, que através da prima-arte, como dizia o alemão nos seus tempos de Turim, é possível expandir o corpo da alma. A cor do som. As palavras de seus tons. Mas tudo isso com você por perto. Não tenha dúvida, sua presença, mesmo nos mais subterrâneos profundos dos mais altos platôs, está sempre ao meu lado. Transcendi-me até você através da música. Para isso serve a arte. Para tornar mais fácil a existência dura do homem, assim como sua presença dá leveza ao meu dia.