sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Herança para meus filhos

Quero que se registre, torne-se claro e notoriamente sabido que deixarei para vocês filhos meus, o que tenho de melhor e que construí por toda essa vida. Deixo para vocês meus sonhos, devaneios, perdas e meus danos. Foram eles que me fizeram em grande parte ser o que sou hoje. Deixo a vocês o sabor pela amizade, pelo amor e pela fraternidade, pois somente cuidando do outro é que podemos nos curar. Ame primeiro, sem ressalvas nem reservas e não espere ser amado de volta. A capacidade de amar é a maior dádiva que temos. Sorte quem tem é quem ama. E não se preocupem com as decepções. Elas virão de qualquer forma. Mas sejam vocês sempre. Rogo para que cuidem dos meus temperos. Frescos ou secos são eles que dão cor aos meus dias. Cuidem deles, mas os usem, exagerem, percam a mão até o paladar se afinar como se afina os ouvidos para a música e os olhos para a vida. Deixo para vocês, meus discos, meus filmes e meus livros. Esses últimos com meus rabiscos e o cheiro de sebo. Espero que passeiem pelas mesmas páginas em que viajei. Espero que encontrem seus caminhos pelas mesmas letras que percorri. Mas espero antes de tudo que vejam como eu vi que por essas letras deixadas nessas paginas gastas estão sonhos e desejos que foram vividos enquanto meus olhos se marejavam a cada página virada. São nessas páginas que vocês me conhecerão melhor. São nessas letras que encontrarão cada detalhe formado da minha personalidade, que hoje é parte das suas também. Nessas capas surradas, que escolhi deixar assim, que vocês encontrarão minhas assinaturas, minhas digitais, inclusive minhas lágrimas e sorrisos.
Encontrem-se, percam-se, leiam e leiam-se nessas páginas e não se esqueçam de deixar essas páginas em casa e sair para viver o mundo e encontrar as suas letras para que vocês escrevam suas próprias histórias.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Do fim dos desencontros

Mesmo sem saber onde por meus pés dormentes, a manhã se fez doce e bela.
A cada uma das memórias que se desvendavam se era como se ela estivesse ali ao lado com seu perfume inebriante e com as cores dos seus olhos.
A cada tempo que se cumpria havia, ao seu mando de certo eram, borboletas, girassóis e delicadas nuvens de algodão que eram doces como seus lábios
Os pequenos e delicados momentos ao seu lado apresentam-se com uma fugaz eternidade. Prenda-me por mais e por sempre. Faça-me brilhar como seus olhos brilham quando você vem ao meu encontro. Dá-me a vastidão do seu largo sorriso à minha profundidade horizontal.
Dias como esses são primaveris, e não importam se vieram taciturnos, ou por cedo demais atropelando um inverno mal acabado. Dias como esses são pujantes, raros e merecem a intensidade de serem vividos sem reservas.
Mesmo sem tê-la ao lado, ainda sem tê-la perto dos olhos e das mãos ela se faz ali. No lugar onde se guardam as partes mais nobres da vida e as mais belas formas do olhar o mundo.