sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cidades modernas?

Mais uma vez um mundo de oportunidades se abre. Aliás, isso acontece todos os dias quando saímos da cama. Encontrar pessoas e viver novas situações, ou as antigas de maneira diferente. Tudo vale. Estou mais uma vez de mudança. Será a quarta cidade em três anos. Quando estava em Minas, com o belo horizonte restrito, tinha o desejo enorme de ir pro mundo. Agora, quero achar um pouso, um porto, que seja ele feliz.
Nessas minhas andanças pelo país, estive em Campo Grande, Brasília e agora Porto Alegre, minha nova casa. Como todo bom canceriano levo minha casa junto comigo. Não digo das coisas materiais somente, mas também do jeito de levar a vida, de ver a cidade e de estar realmente onde se está.
Outro dia, li uma reportagem sobre mais um aniversário de Brasília, com todos aqueles conceitos modernos de Niemeyer e Lucio Costa. Senti falta de uma coisa. Gente. Quando morei em Brasília, pude realmente perceber toda essa modernidade. Planejamento executado à risca, retas sem intercessões, curvas realmente lineares. Céu azul ornado com traço do arquiteto. Tudo isso muito bacana. Mas e as pessoas. Andei por Brasília e quase não via gente nas ruas. E rapidamente entendi. As ruas não são feitas para receber as pessoas em Brasília, mas sim carros. Desculpem-me meus dois grandes arquitetos citados acima, mas ser moderno é pensar no futuro. Vim de Belo Horizonte. Sou mineiro, daqueles temperados com ferro. Vivi em Campo Grande um período da minha vida. Depois Brasília. O que essas três cidades têm em comum além de estarem sempre presentes no meu coração? Foram planejadas. BH e Campo Grande têm quase a mesma idade. Tiveram destinos diferentes. A capital de Minas foi construída para ser a nova capital de um estado industrial, recém saído da fase agrícola. Campo Grande, para ser um pólo ao sul da capital do então único estado do grande Mato Grosso. Mas em comum, as duas cidades possuem a ordenação como construção. O Positivismo. BH teve um destino diferente. Nasceu grande e logo nos seus primeiros anos rompeu a barreira do seu contorno. Campo Grande nasceu para viver à sombra de Cuiabá. Com isso as duas cidades tiveram destinos diferentes. BH cresceu muito e se tornou uma das principais metrópoles do país. Campo Grande, somente a menos de trinta anos conseguiu status de capital. Isso trouxe desenvolvimento acelerado e problemas demais para uma, e falta de desenvolvimento e preservação da qualidade de vida para outra. Mas em comum, são cidades que foram construídas para serem modernas. Conseguiram, ao contrário de Brasília, serem mais modernas que a Novacap, na medida em que preservam as relações humanas. A arte do encontro. Nessas duas cidades nos esbarramos em pessoas, não marcamos encontros, mas nos encontramos nas esquinas informais. Brasília privilegia que carros ocupem o lugar das pessoas. Como pode uma cidade dita moderna não se preocupar com a integração humana. Ser moderno é saber conviver, com diferenças e com os seus. As cidades têm esse papel fundamental. Integrar sem se programar. Integrar para conviver e viver bem. Isso é modernidade. A convivência humana. Desculpem-me os grandes pensadores da Novacap, mas privilegiar o ser humano é ser moderno. A capital das Gerais e a estrela do Mato Grosso do Sul, apesar de seus inúmeros problemas conseguiram essa façanha.

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