segunda-feira, 24 de maio de 2010

O peso

Alguns que se chamam gênios, ou assim são chamados, deixaram nessa terra coisas bacanas e outras questionáveis para nós. Um que faço grandes e quixotescas ressalvas é Descartes. Tudo bem que seu modo de mensurar a vida nos deu uma vantagem enorme de evoluirmos pra onde estamos. Talvez a culpa não seja lá dele, mas nossa, de nos apropriarmos do seu conceito filosófico e o aplicarmos para tudo. Mistérios do nosso cérebro, de certo. Talvez seja mais fácil pra nós colocarmos números, dados, tamanhos e formatos em tudo. Assim, podemos organizar nossa caixinha de como as coisas se encaixam e fazem sentido na nossa vida. O que me incomoda é dizer que tamanho tem seus sentimentos, seus sonhos, seus desejos, lembranças e memórias. Já pensou se tivéssemos que mensurar isso? Que valores dariam? Qual seria a escala? Como faríamos? Disseram uma vez que devíamos carregar nossas vidas numa mochila, para que a pudéssemos levá-la nas costas para onde quer que iríamos. Ou seria para que não tenhamos coisas demais e que essas sejam usadas para mensurar o que esta sendo levado no lugar na aura. Para que possamos observar mais nossos sentimentos, nossos valores emocionais. Voltarmos os olhos pra dentro e sabermos que os sentimentos não têm peso, tamanho, forma, mas possuem cor, cheiro, sabor. Por isso penso que as relações e sentimentos devem ser medidos pela qualidade, não pelo tamanho do tempo em que elas duram. Escolho um dos meios de mensurar as relações, o tempo, e percorro seus movimentos. Podemos ter uma relação de grande afetividade e entrega com uma pessoa que pouco conhecemos. Coisas dos encontros. E também ao contrario, ter uma historia de tempo delongado com uma pessoa em que nos ligamos pouco. E não será essa medida que marcará os corações que participam dessa aventura. E sim as impressões deixadas um no outro. O grande impacto é forma e a profundidades dessas impressões e não o tempo em que decorreram para acontecer ou quanto tempo do decorrido. Por isso meço minhas relações pela qualidade que elas possuem, e não pelo tempo que elas duram. Que afinal, como nos ensinou o grande Einstein, a quem venero, o tempo é relativo. Mas a qualidade dos sentimentos não. Eles são únicos em cada um, e transformam a experiência de vida de cada um de nós ao se apresentarem e não quando. Se conseguirmos carregar o que nos é importante dentro do coração e da alma estaríamos vestidos com o que realmente importa. Poderíamos deixar de lado as muletas das aparências.