sábado, 29 de agosto de 2009

Ao menino de camisa listrada

Um dia garoto, perceberá que se não se atentar a essas linhas a tempo, o terás perdido e a um amor incrível. Seja assim mais frio e insensível às investidas dela em busca do seu carinho, mesmo que seja em público, e terás perdido o que um dia procurará no seu passado. Perceberás tarde que tudo estava ali, ao alcance do seu aceite, e sua felicidade de hoje e do futuro estaria confirmada. As mãos dela, quando procuram a sua no meio da calçada, são mais para que seja feita mera companhia, mas que se exprimam para todos os transeuntes, motoristas, moradores, vigaristas, estrelas do firmamento que é seu o amor que ela deixou guardado. Quando ela procura os seus lábios no escuro, não se trata apenas do beijo molhado e do carinho a ti reservado, mas de matar a sede da alma, que através da boca doce ganha o mundo e se encaminha para o universo dos corpos celestes unidos. Quando ela procura seu ombro para que alcance sua cabeça cansada, vai além do clamor por ter você como o homem que ela porventura exibira, mas um colo, certo e seguro que a sustentaria nos momentos de trevas e dúvidas. Quando ela olhar fundo nos seus olhos perceba que a janela está aberta, deflorada, para que você faça o uso que queira. Ela está exposta, disposta a receber a luz que emana dos seus. Então meu garoto da camisa listrada e de mangas curtas, perceba que esses sinais vão além. São frases completas de verbo do futuro perfeito que lhe aguarda. Perceba que o que procurará mais além, tens hoje no colo. Que o clamor que ela te faz é que seja dela por alma, que por corpo ela tem aos quilos os que a querem. Que o caminho com ela é mais largo que a visão do estreito. Que o afagar dos belos e longos cabelos claros que ela possui é para que seja feito em noites frias, e que quando em noites de calor em sua companhia, deixem exposta a nuca molhada. Creio meu caro garoto das mangas curtas e de poucas listras, que o que ela lhe tem a dar é só seu, e assim o será caso queira. Deve vós, ter o seu mérito, que aqui da minha longa distância, não me atrevo a julgar nem pra mais nem pra menos, somente não me atrevo a julgar. Sentido deve fazer o julgo dela. Essa quase moça, com olhar de menina e corpo de mulher, que incendeia os sorrisos de quem quer que passe ao largo. Não é por somar mais números à minha conta de idade que me coloco na prerrogativa de dar recados ou conselhos a quem quer que seja. É essa minha nova postura de observador do cotidiano, das histórias minhas e dos outros, que me tem me concedido a autoridade informal de perceber o que está além das entrelinhas.

Nenhum comentário: