segunda-feira, 6 de julho de 2009

Alegoria dos encontros

A coisa do escrever, do criar, do pensar o nosso tempo e esse mundo vem de fontes das mais diversas. Desde uma brincadeira com amigos, chegando até leitura desenfreada de autores do mais alto gabarito filosófico. A diferença está em estar atento ao mundo e perceber os sinais, alguns claros outros nem tanto, que nos cercam. Foi num desses encontros regados a cerveja torresmo e tira-gostos mineiros que eu e um amigo discorríamos sobre a vida alheia de um terceiro amigo, claro. Botecos e cervejas combinam tanto quanto a mal falada filosofia de bar e a vida alheia comentada. Esse amigo me disse das impressões que tinha tido da atual namorada do dito-cujo. Para ele a mocinha não tinha nada a ver com o amigo foco da conversa. Que ela em nada se parecia com ele. E isso em tom indignado! Na mesma moeda eu respondi:- que bom! Vai ver esse nosso amigo encontrou na amada o que sempre lhe faltara. Se assim o é fisicamente, por que não psicologicamente?
Os encontros são sempre fortunas e nem sempre fortuitos. Sempre há tempo de acontecerem, basta que seu canal esteja sintonizado na freqüência certa. Existem formas mais diretas e outras nem tantos dos encontros se darem. Hoje, temos a internet, os clubes de solteiros, para que deixemos de sê-los. Vamos às boates a fim de encontrar alguém para passar algumas horas e talvez, quem sabe talvez nos vermos em um ou mais dias. Existem até cidades que promovem, pela sua concepção urbanística, a arte do encontro. Outras do desencontro. Mas o que importa é que cada vez mais as pessoas buscam meios para intermediar o que antes era feito deixado completamente para a obra do acaso. Não que as intenções mudaram nesses tempos. As vontades são as mesmas. As necessidades de conquista também. O cerne da questão continua o mesmo. As pessoas continuam com a necessidade de se relacionarem. Mesmo que as relações pessoais sejam cada dia menos impessoais, sempre buscamos forma de compensar esse distanciamento que nos provocamos. E quando nos encontramos, é uma festa. O tempo para. Faz-se silêncio onde havia barulho. E tudo mais faz sentido. Percebemos que é por esses momentos que procuramos, quando encontramos na nossa busca, na nossa odisséia terrestre o que nos preenche a lacuna latente a que os gregos atribuíam à cisão as almas.
O sentimento de completude se dá no encontro quando percebemos que nosso eco é respondido além da pergunta, mas com uma resposta que o preencha. É assim que percebo que os encontros vão além do olhar e do sentir.

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