quinta-feira, 5 de março de 2009

Déja Vu

Déja Vu. Sempre me ocorre quando acordo pela manhã. Sinto como se o dia de ontem não tivesse acabado. Nesses tempos novos, se é que podemos dizer que assim o são, tenho mais clara essa sensação. Os mesmos carnavais, Luiza Brunet continua sendo madrinha de bateria depois de mais de 15 anos. Mais do que um fato a ser ovacionado pela beleza e bela forma da jovem senhora, isso mostra a nossa pequena capacidade de nos re-invertamos. Os velhos heróis, são desenterrados como numa exumação de almas velhas numa tentativa desesperada de um fôlego a mais para esses moribundos. As piadas sobre a situação econômica, sobre a roubalheira dos políticos, continuam as mesmas. Aliás, eles continuam os mesmos. No nosso país, nós mesmos continuamos nos repetindo buscando incessantemente no passado algo que nos reconstrua de maneira diferente. Não procuramos re-inventar o país, estamos ainda tentando descobrir o que acontece conosco há dez anos. E essa sensação de repetição nos prolonga o sentimento de familiaridade que temos com o passado e nos prende a ele como âncora sem revés. Quando digo assim pode parecer que somos um povo de brava memória e longas lembranças. Lembranças dos nossos grandes heróis, das nossas grandes marcas ou até dos nossos grandes fracassos como povo. Nada disso. Se assim fosse, lembraríamos de Darcy Ribeiro que nos deixou a lição que nós brasileiros precisamos descobrir o Brasil e depois, somente depois inventá-lo, para mais tarde reinventá-lo. Esse modelo que temos aí não é nosso, é emprestado. Importado. Made In o país da moda.
Com esses tempos dessa nova crise tenho me lembrado das duas em que vivi. Nasci no meio da primeira. 1973 a grande crise do petróleo que abalou o mundo inteiro, mudando para sempre o american way of life. Mudando? Os grandes rabos-de-peixe foram somente substituídos pelas grandes SUV’s de hoje. Bom, mas vi a crise de 80. No Brasil, vários planos cruzando pra lá e pra cá. Zeros caiam como milagrosos ministros da economia. Pareciam que eram nascidos das jaboticabeiras. Foi a década perdida, diziam alguns que surgiram na prosperidade dos 90. Então por que estamos a recuperando agora? As mesmas músicas, os mesmos ídolos. Temos até uma crise para nos deixar mais em casa! Mais uma vez, nos repetimos em modelos passados. Já que estamos em 90, continuemos. Parecia que dessa vez seriamos novos, realmente novos. Tecnologia nova, internet e computadores e mais uma vez nos repetimos. As mesmas doenças nas relações humanas. E pra variar, mais uma crise econômica. To meio cansado disso. Esses senhores controladores do mundo somente observam o passado e tentam fazer igual. Eles estão de parabéns. E nós também. Seguimos como um bando sonolento de carneirinhos a beira do precipício por não percebermos o mundo a nossa volta. Repetimos-nos da mesma maneira em que fizemos ontem, no ano passado, na década passada e na outra. Estamos sempre na mesma estrada e sem saber que estamos andando em círculos. Platão no seu mito da caverna dizia que nós vivemos da sombra e a verdadeira realidade está lá fora. Fora da caverna. Basta olharmos diferente para o mundo a nossa volta. Afinal não precisamos de nenhum esforço heróico e demasiadamente humano como dizia meu querido Nietzsche. Não precisamos inventar uma nova forma de apagar o que está ai para que criemos do zero algo realmente novo. Se somente olharmos o mundo de forma diferente já o teremos re-inventado de uma forma única, sem antes jamais visto.

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