terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Coração Machucado

O grande e genial Paulinho da Viola escreveu um dos melhores chorinhos que já ouvi:

“O quê que pode fazer
Um coração machucado
Senão cair no chorinho
Bater devagarinho pra não ser notado
E depois de ter chorado
Retirar de mansinho
De todo amor o espinho
Profundamente deixado”

Essa história de corações machucados ultrapassa a linha do tempo da humanidade. Todas as pessoas que conheço e, as que não conheço, já passaram pela dor de cotovelo. A dor de amor é a dor que mais une as pessoas nesse sentimento. Quando quebramos o pé, torcemos o braço, temos um ataque cardíaco, entramos em trabalho de parto, a dor é diferente de um pro outro. Temos noção do seja, mas não sabemos como é sua intensidade. Cada um sente de um jeito. Mas quando falamos que estamos sofrendo por causa de alguém, ah meus caros, sabemos exatamente como essa pessoa se sente. Por isso digo que essa dor nos une. Não por solidariedade, mas por que entendemos exatamente como e onde e o quanto dói.
Sabiam que guerras foram travadas entre nações inteiras por causa do amor? Às vezes penso se Eva Brown tivesse dado um pé na bunda do Hitler, haveria mesmo aquela guerra? Ela poderia ter dito: olha Adolf, ou você tira essa merda de bigodinho ou termino com você. Com certeza ele mandaria matá-la, mas morreria de remorso depois e nem pensaria nos judeus. Ele não teria a quem impressionar, certamente.
Esquecendo as especulações. Existem todos os tipos de receitas para dor do amor. Mas só quem sente sabe a hora certa de se curar. Como a música ai acima, inúmeras delas foram criadas, e continuarão sendo com o tema. Umas com profundidade que o sentimento merece, outras com ar de deboche, outras até criando heróis corneados. Por falar em herói, um dos maiores que conheço é Romeu, que morreu por amor. Existe abnegação maior que essa? Morrer por um reino, por dinheiro, por poder, por qualquer coisa mais concreta é justificável e mais palatável. Mas morrer por amor é muito abstrato pra nós. E se Julieta se cansasse da vidinha de casada com Romeu e mandasse-o passear? Teria valido o risco daquela briga toda com a família dele e dela? Mas ele nem quis saber. Foi lá, de peito aberto e mandou ver no veneno. Cabra-macho esse menino! Nem Alexandre, O Grande, teria realizado tal feito.
Acabei de ler um livro chamado Amor. Trata-se de pílulas de textos dos maiores pensadores da história da humanidade sobre o tema. Algumas receitas, conselhos do que fazer e não fazer com relação ao mundo do amor. Nem eles conseguem dar receita pra isso. Estão lá as desilusões de Nietzsche, Schopenhauer, Kant, Ovídio, Platão entre outros. Isso os aproxima de nós, meros mortais, fazendo-os mais humanos e demonstrando que essas questões fazem parte da vida de todos. Basta ser humano.
Certo mesmo é deixar o tempo agir. Ele sabe tudo. Às vezes age rápido, outras nem tanto. Mas a dor dura o que tem que durar. Da mesma maneira, quando quebramos um osso. Trinta dias de gesso. Não existe remédio que acelere o tratamento. A medicina evoluiu, cresceu, mas o tempo ainda é o único remédio pra muita coisa nessa vida.
Pra terminar, um fragmento de um texto da também genial e fantástica Clarisse Lispector.

“Mergulhe fundo como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa qualquer entendimento”.

PS. Não consegui colocar o Video da Musica do Paulinho. Mas segue o link do Youtube abaixo. Quem souber, dá um help ai, Please.

http://www.youtube.com/watch?v=KGj-KW0be9k

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