sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O rock finalmente envelheceu.

Numa noite linda dessas aqui do sul resolvi que iria num grande show de rock! Cara, uma semana se preparando, afinal de contas era uma mega banda de rock americana. Showzaço na certa! Contagem regressiva quando comprei o ingresso. Os dias iam passando, a semana rolando, mais um fim de semana, o mundo no seu compasso, a não ser por um presidente negro eleito na mesma terra dessa famosa banda de rock.
Dia do show. Tudo preparado. Um “esquenta” na casa de uma amiga. Alguns amigos reunidos e trajados para a ocasião. Calça jeans e um tênis velho. Uma camiseta e o espírito do bom e velho rock n’roll estava de volta. Chegamos ao estádio em cima da hora do show. Nos arrumamos num canto que dava pra ver a pontinha do palco e ficamos lá esticando o pescoço. Num desses descansos pro pescoço e olhei a volta. Comecei a perceber que o rock realmente tinha envelhecido. Não somente pelo público ali presente, mas comecei a perceber que o rock era pano de fundo para alguns sentimentos que hoje estão bem desgastados como as velhas calças jeans. No palco, manifestações políticas com a exibição orgulhosa de Obama feito presidente. Na platéia, alguns dedos em riste com sinal de paz e amor. Meninas nos ombros dos namorados, camisetas com dizeres políticos pragmáticos, beijos apaixonados no público. O cheiro da velha droga do rock inebriava o ar gelado da noite gaúcha, mas a maior presença era de uma aura de esperança e boa venturança no ar. Sentia que a cada acorde da velha formação, baixo, batera e guitarra as pessoas se comungavam num sentimento puro, os mesmos que se presenciava nos movimentos hippies de 50 anos atrás. Cabelos grisalhos e vozes roucas, no palco e na platéia, ascendiam as letras recheados de sentido que ecoavam pelo velho estádio de futebol. Percebi como esses sentimentos caíram em desuso. O bom e puro amor pelo outro deu lugar ao que vivemos hoje. São anseios antigos que ficaram pra trás. Entendi o verso de outra banda de rock, essa brasileira “...saudade de tudo que ainda não vi”.

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