segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dos doces das abelhas

Dos doces das abelhas
Uma vez me disseram, acho que foi a Juliana, que eu tinha uma maneira bem particular de olhar o mundo. O comentário foi literal, pois era uma referência a alguns ângulos que achei para fotografar as igrejas de Belo Horizonte na minha primeira e única exposição individual de fotografias. Percebi que isso se aplicava perfeitamente como fazemos nosso mundo. De como olhamos o mundo e o construímos, além de como o modificamos e por ele somos modificados. Podemos dar o tom das coisas que nos cercam. Ou seja, podemos enxergar o mundo através da janela que quisermos. Acho que a Ju tava bem certa ao dizer isso, pois coisas ordinárias que nos acontecem podem ter a cor que quisermos.
Conheci certa feita, uma bela. A primeira vista, sim bela, mas o que mais impactava na formosa figura eram seus comentários e observações acerca do que a cercava. Psicóloga que era, num dos meus comentários com umas cervejas a mais na cabeça ela não titubeou em me receitar um dos seus para dividir aquelas experiências. Enfim, me rendi. Fui parar numa linda casa no charmoso bairro Moinhos de Vento em Porto. Lá, antes de ser recebido pelo largo sorriso e saudoso abraço da Ana, encontrei alguns ferrões pra enfrentar, literalmente. É que as abelhas da casa vizinha resolveram atacar quem chegava e quem saia. Era um verdadeiro enxame. Com direito a carro de bombeiros para acalmá-las. Pensei: Ok! Vamos nessa. Se tiver que doer que doa. Mas já cheguei até aqui, não será agora que voltarei atrás. Afinal de contas a diferença entre o remédio e o veneno é o tamanho da dose. E nesse caso seria estava a beira de uma overdose! E era bem disso que precisava. Uma dose cavalar de boa terapia para achar o caminho das questões da mente, da alma e por que não do coração. E se as abelhas fizessem parte do tratamento, que fossem bem vindas. Mas ao invés disso, recebi um grande abraço e um enorme sorriso da pequena Ana. Foram alguns meses de trocas e aprendizados intensos em que me revi e redescobri a pessoa que sou hoje. Gostei muito do que vi. Apesar dos tropeços o saldo é positivo. E isso eu agradeço a Ana. Tratou das minhas vicissitudes com delicadeza e carinho. Atenção e seriedade. Mas sempre com o cuidado necessário para tratar das feridas abertas há muito e que ficaram ali escondidas e sem cuidado. Essas coisas sem o devido cuidado dão gangrena minha gente. Física e espiritual. Só mesmo uma pessoa como ela pra tratar desses assuntos como ela o fez. Foi um verdadeiro presente. Percorremos caminhos escuros e esquecidos. Os recentes, os mais lembrados, os mais profundos, os nem tanto assim. E todos com o mesmo zelo. Tinha dias que eu ficava meio preocupado com ela. Dava vontade de trocar de lugar e cuidar um pouco de quem tanto cuidava de mim. Mas como retribuir o carinho com um psicólogo? Até hoje eu não sei como fazer. Afinal, no caso da Ana, ou melhor, Aninha, (por que como disse a ela: não dá pra chamar de Ana alguém que é tão intimo assim da gente né?) tornou-se uma grande amiga. Uma das poucas e grandes que fiz nessa terra. Mal das Anas? Tenho algumas muito especiais na minha vida. Ela não é mais uma. Assim como as outras, tem um lugar especial na minha história. Ledo engano pra quem achava que sairia de lá com o espírito ferroado. Saí com a alma lambuzada e doce.

Um comentário:

Míriam Machado disse...

Fiquei pensando no que disse sobre como agradecer a um profissional que lhe atenda.... Não sei se a Ana lhe diria o mesmo...
Mas eu posso dizer, querido... Que não é para agradecer... Mas certamente, o psicólogo ou psicanalista encontrará realização em seus movimentos e consequentes sucessos! Esse retorno não tem preço!