terça-feira, 14 de outubro de 2008

Eu te amo não é bom dia.

Um dia desses estava eu numa das ruas lotadas do centro da cidade. Com o bolso e cabeça cheios de coisas sem valor. Parei numa dessas ilhas pra desanuviar a mente. Posso chamar as bancas de jornal de ilhas por que me remetem ao passado. Do cheiro do jornal, da conversa com o vendedor já seu velho conhecido. Da continuidade da mesma prosa de ontem. Enfim, parei numa dessas e vi dentre as várias capas de revistas com seus apelos expostos uma que me chamou atenção. Dizia assim, ao lado da bela moça ruiva sardentinha seminua: - Eu te amo não é bom dia. Achei aquilo muito oportuno e não tive dúvidas, comprei a revista. Esvaziei um pouco os bolsos que tanto me pesavam o tilintar das moedas e em troca esperava que enchesse a alma. Quem sabe ali naquelas páginas eu me salvasse. Quem sabe tinha realmente encontrado naquela ilha o alimento que me faltou em todos esses tempos. Foliei algumas paginas bem apressadamente a fim de chegar à entrevista da moça sardentinha que dizia que dizer eu te amo não é como dar bom dia. Moça de belas formas. Bela como uma menina e uma mulher podem ser. Belas formas. Linda boca. Bela moça de ser vista. Como todas as moças das revistas. Me perdi um pouco naquelas curvas, mas fui ler o que ela dizia. Esperava encontrar respostas dentro daquelas páginas que nunca havia me permitido questionar. E que coisa mais interessante, achar numa banca de revista uma resposta tão profunda e tão densa quanto um amor viceral. Fui com olhos ávidos e mente aberta. Fui descobrir onde aquilo iria parar. E parou. Ali mesmo. No titulo. Um breve comentário e nada mais. Vendedores de revistas! Vocês ainda me pagam. Ou me ensinam a fazer títulos.

A bela sardentinha me permita continuar. Eu te amo não é bom dia mesmo. Quando o amor florece, nem apresenta sinais que virá, mas chega e se instala. Num rompante. Quando se vê, você está amando. O amor vem da alma, é sentimento nobre. O maior que existe. Todos os outros são baseados no amor. Deus ama. É o sentimento de Deus. O amor verdadeiro quando nasce dói. E não se vai de vez. Quem ama de verdade percebe que a medida em que o amor cresce carrega junto uma pequena marca. Imperceptivel quando se está amando. Mas quando o objeto do amor se vai, percebe-se o tamanho da cicatriz que carrega. Isso porque o amor é viceral. Além disso, o amor é próprio do ser. O ato de amar é um movimento solitário. É proprio de quem sente. Quando se ama não se preocupa em receber o mesmo de volta. Por que amar é um ato voluntário. Não se espera nada em troca quando se ama. Amar é se doar. Se doar sem fronteiras e sem esperas. Quando se ama assim, creio, que atingimos algo próximo ao divino.

Poucos têm coragem de viver um amor assim. Tem que ser abnegado. Abnegado como o héroi clássico. Quando se ama sabe-se que terá um bom dia somente de receber o olhar da amada ao amanhecer. Amar passa por velar o sono do amado e ver como ele adormece doce nos seus braços depois do amor. É velar o sono da amada, deixar que ela acorde depois de você, para que você veja como ela é linda ao acordar. Amar são essas pequenas coisas. Ver a vida com os olhos do outro e mostrar a ele o que a vida tem bela aos seus. Amar é um presente os céus. É o bônus pelo nosso sofrido ônus aqui na terra. Quando se ama profundamente tem-se a sensação de fazer parte do infinito, da cumplicidade dos anjos. É realmente poder viver na sua plenitude. Amar é descobrir qual o sentido da nossa passagem nessa terra. Por que estamos aqui nesse instante. Amar é descobrir as respostas com a cumplicidade do olhar. Sem a presença das palavras. Sem explicações das palavras difíceis e dos conceitos filosóficos abstratos. O amor é simples. Amar é se doar, sem dor e sem pudor. Amar é viver sem reservas.

Um comentário:

Bruno Sartori disse...

já ficaria satisfeito em Aprender a escrever bons titulos!
abração